terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mudança de Emprego


Ela tinha 7 anos novamente. E se sentia como a filhinha de um militar que estava para mudar de cidade. Pior. Mudar de país. Estava sentada em sua cama, com a malinha vazia ao lado e as lágrimas rolavam pelo rosto. Não sabia por onde começar. Desejava que tudo fosse um grande engano, um enorme mal entendido e que tudo continuasse onde deveria estar. Aquele era o seu mundo. Agora, teria que aprender outra língua, conviver com novos hábitos, desfazer novamente as malas, ter bons modos.

Levantou vagarosamente da cama, querendo adiar o inevitável. A cada gaveta aberta, dentro dos armários revirados, encontrava uma lembrança para deixar a despedida ainda mais dolorosa. Os amigos continuariam amigos e sabia que sempre poderia contar com eles, mas não seria a mesma coisa que estarem juntos diariamente no playground. Queria continuar trabalhando com eles, gargalhando com eles, ouvindo as músicas, conversando sobre os filmes, sobre as viagens, trocando confidências, brigando por causa das trombadas e do lanche da tarde. Riam juntos. Destilavam venenos juntos. Sonhavam juntos. Há quatro meses, quando ela chegou à agência, estava pronta para tudo. Menos para ir embora.